Refugiados da República Centro-Africana são atacados enquanto fogem para o Camarões

Refugiados da República Centro-Africana

Refugiados da República Centro-Africana que chegaram ao centro de trânsito Gbiti, no Camarões. Cerca de 10.000 refugiados por semana transitam pela fronteira com a República Centro-Africana.

 

BRUXELAS [ ABN NEWS ] — A Agência da ONU para Refugiados está extremamente preocupada pelos relatos de que milicianos anti-Balaka estavam bloqueando e atacando civis que tentavam fugir da violência na República Centro-Africana (RCA).

“Ao longo das últimas duas semanas, nossos colegas no Camarões têm recebido refugiados com ferimentos de facão ou tiros”, disse Melissa Fleming, porta-voz do ACNUR, em entrevista coletiva.

Ela disse que funcionários do ACNUR têm observado um aumento no número de pessoas cruzando a fronteira do Camarões por partes remotas em um esforço para evitar as milícias anti-Balaka. Todos chegam em uma condição física terrível.

“Os recém-chegados disseram aos nossos colegas que milícias anti-Balaka bloquearam as principais estradas para o Camarões, forçando-os a viajar pela mata por dois a três meses antes de chegarem à fronteira”, disse ela. “Os refugiados também disseram que os anti-Balaka os atacaram durante suas fugas”.

Funcionários do ACNUR registraram terem atendido nos últimos dias uma mulher, um menino e um homem com ferimentos graves causados por facão, e um homem com um ferimento à bala no peito.

A maioria dos recém-chegados – todos muçulmanos, o principal alvo das milícias anti-Balaka – são mulheres, crianças e anciões, disse Flaming. Eles disseram à equipe do ACNUR no local que os homens ficaram na RCA para criar grupos de autodefesa para proteger suas comunidades e os gados.

“O ACNUR pede aos anti-Balaka para não impedirem que civis fujam para os países vizinhos em segurança”, disse Flaming aos jornalistas. “Também pedimos a todos os lados envolvidos no conflito para renunciarem a violência”.

Muçulmanos têm sido o principal alvo das milícias anti-Balaka, mas fazer com que comunidades inteiras, baseadas em sua religião majoritária se tornem alvos, vêm afetando tanto cristãos quanto muçulmanos.

Apesar dos obstáculos durante a fuga, em média 10.000 pessoas por semana atravessam da RCA para o leste do Camarões. Com os principais pontos de entrada em Garoua Boulai e Kenzou inacessíveis por causa de atividades anti-Balaka, as pessoas têm procurado alternativas. Isso fez com que o número de pontos de entrada no Camarões passasse de 12 para 27 nas últimas três semanas, o que torna mais difícil para o ACNUR monitorar a fronteira.

A maioria dos recém-chegados é proveniente das áreas de Boda, próximo à República Democrática do Congo, e Bozoum, perto do Chade. Por causa do longo desvio, todos os refugiados estão chegando em terrível estado, alguns com os pés e pernas inchados, outros sofrendo de desnutrição.

Trabalhando com seus parceiros, a Agência das Nações Unidas para Refugiados tem aumentado o número de clínicas-móveis nos pontos de entrada para prestar cuidados emergenciais aos refugiados que chegam. O ACNUR também está apoiando centros públicos de saúde que estão sobrecarregados pelo número de refugiados e sua condição.

Enquanto isso, o ACNUR transferiu cerca de 20.000 refugiados que viviam a céu aberto nas áreas de froteira de Garoua Bouai e Kenzou. Eles foram reestabelecidos em locais montados em Lolo, Mborguene, Gado e Borgop no Leste e regiões da Admwa.

Até agora, neste ano, o Camarões recebeu 69.389 refugiados da RCA. Esse número representa a maior parte dos 92.000 que vieram em ondas anteriores, desde 2004, para escapar de grupos rebeldes e bandidos no norte do país.

 

 

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