Venezuela censura canal internacional de notícias
O canal colombiano NTN 24, que transmite por cabo na Venezuela, foi tirado do ar depois de informar sobre as massivas marchas e protestos em todo o país em 12 de fevereiro.
CARACAS [ ABN NEWS ] — As transmissões, na Venezuela, do canal de notícias colombiano, NTN24, foram censuradas no seguimento de uma resolução, ditada pela Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), na quarta-feira (12). Alegadamente, esta medida está relacionada com a transmissão dos protestos registados durante a manifestação estudantil de Caracas, os quais resultaram na morte de duas pessoas.
A diretora do canal televisivo, Claudia Gurisatti, indicou que a nação (Venezuela) está a “incorrer numa censura à Imprensa livre, numa negação do direito à informação e também atenta contra a Liberdade de Expressão”. “Justamente quando se transmitiam versões da oposição sobre os atos de violência do governo venezuelano, o sinal da NTN24 foi cortado. É uma ocorrência muito suspeita”, acrescentou Gurisatti.
Segundo a diretora, na quarta-feira (12), durante a tarde, a Conatel emitiu um comunicado dirigido às operadoras por cabo, como a Directv, para que as mesmas retirassem o canal da sua programação.
Esta medida gerou uma onda de indignação no seio dos cidadãos venezuelanos, os quais recorreram em massa às redes sociais, para denunciarem esta situação e manterem a informação a circular.
Idania Chirinos, diretora de conteúdo do canal, disse que a cobertura da marcha foi totalmente imparcial e apegado aos fatos, e que o governo venezuelano não quer que a Imprensa e mídia internacional informem sobre a situação. O sinal do NTN 24 foi suspenso dos dois provedores de cabo que transmitiam o canal no país.
“A único coisa que fizemos foi transmitir esta marcha a nossa audiência em Venezuela que é muito importante, quisemos registrá-la apesar de sabermos que há um cerco muito importante aos meios de comunicação e de termos sido advertidos de que canais que publicassem imagens de protestos seriam retirados do ar”, afirmou Chirinos a TV Caracol.
Segundo El País, Chirinos disse que o sinal foi suspenso por ordem da Conatel, o ente regulador das telecomunicações na Venezuela. Também acrescentou que “é muito suspeito que justo quando se transmitiam versões da oposição sobre os fatos violentos que ocorreram em Caracas na quarta, o sinal da NTN 24 na Venezuela tenha sido apagado”.
El País reportou que o canal continua transmitindo para Venezuela via Internet, por web, Facebook e vários links que estão constantemente mudando, porque asseguram que os que divulgam são hackeados.
“O canal não pode fazer outra coisa que alertar sobre o cerco que existe na Venezuela em relação à Liberdade de Expressão. É uma decisão do governo venezuelano como tem dito as companhias de cabo,” disse Chrinos a El País, acrescentando que a censura que se vive na Venezuela pelas medidas do governo não permitirá que os venezuelanos saibam o que acontece, e que NTN 24 era uma das poucas janelas que tinham para saber o que ocorria em seu país.
Em um comunicado de imprensa, Claudia Gurisatti, a diretora geral da NTN 24, afirmou que o fato se torna abertamente uma censura à Imprensa livre, um atropelo ao direito que dos cidadãos de se informarem e um atentado à Liberdade de Expressão.
Gurisatti também advertiu que pensam denunciar “a todos os organismos de Liberdade de Expressão e de direitos humanos esta violação ao direito fundamental que qualquer cidadão tem de estar informado”, e ressaltou que a emissora continuará informando sobre a realidade do continente.
O NTN24 é de propriedade do grupo de rádio e televisão RCN da Colômbia e transmite em todo o continente. O canal proporciona cobertura completa sobre a Venezuela e frequentemente denuncia o governo socialista do país. “Abertamente, é uma censura à Imprensa livre, um atropelo ao direito que têm os cidadãos de informar-se e um atentado à Liberdade de Expressão”, declarou Gurisatti em comunicado.
NTN24 foi a única emissora disponível para a audiência televisiva na Venezuela que realizou uma cobertura extensiva e ao vivo dos protestos. Quase todas as emissoras de televisão na Venezuela, que estão controladas ou alinhadas com o governo do presidente Nicolás Maduro, ignoraram os protestos das ruas que foram conduzidos por estudantes universitários e que ocorreram em diferentes cidades. O site de notícias inglês Caracas Chronicles destacou que enquanto a Praça Venezuela no centro de Caracas estava repleta de manifestantes, os principais canais de televisão transmitiam programas de entretenimento como “La Bomba”.
A Conatel emitiu uma declaração indicando que as emissoras de rádio e televisão que cobrissem os protestos poderiam violar a restritiva Lei de Responsabilidade Social em Rádio e Televisão, que proíbe emitir informes ou imagens que “incitem ou promovam o ódio” ou “fomentem a ansiedade dos cidadãos ou alterem a ordem pública”.
No passado, a Conatel se concentrou nas emissoras venezuelanas, mas agora está podendo dar atenção aos canais estrangeiros, que realizam cobertura independente e crítica sobre o governo de Maduro, afirmou Correa.
“Não satisfeito em reprimir as poucas vozes críticas que restam na Venezuela, o governo do presidente Nicolás Maduro está agora se dirigindo contra os meios de comunicação estrangeiros que realizam cobertura crítica sobre sua administração”, afirmou em Nova York o coordenador sênior do programa das Américas, Carlos Lauría. “As autoridades venezuelanas devem restaurar imediatamente o sinal do canal NTN24 na Venezuela, deixar de censurar fontes de notícias que contradizem a narrativa oficial, e assegurar que os venezuelanos possam ter acesso à informação vital sobre o que está ocorrendo no país”.
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