Renato J. Costa Valladares, Professor e Escritor, é Doutor em Ciências e Mestre em Matemática.
RIO [ ABN NEWS ] — Há alguns meses eu soube que no final de setembro, teria uma Feira de Matemática a ser realizada em Salvador. Eu já sabia que em Blumenau realizava-se estas feiras, gostei da ideia e decidi ir lá um dia. Abri o e-mail que recebi e vi que a feira de Salvador era parte do mesmo evento. Fiz minha inscrição propus um trabalho e no dia 24 de setembro desembarquei em Salvador. Almocei e peguei um ônibus do evento que me levou ao Museu de Arte e Tecnologia da UNEB. Após as apresentações de praxe fui informado sobre o stand onde devia ficar para trocar ideias com colegas, estudantes e demais interessados. Arrumei o meu material (com a indispensável ajuda de minha mulher) e dei uma circulada nos demais stands.
O espaço destinado aos trabalhos era um enorme galpão coberto, que foi dividido em um balcão de informações e três longos corredores, onde os stands estavam instalados lado a lado, formando duas alas frente a frente. Deixavam assim uma passarela suficiente para os participantes passarem e verem os trabalhos expostos de dois em dois. Caso um frequentador se interessasse por algum tema, parava no respectivo stand e faria perguntas à pessoa encarregada para esta tarefa. No galpão ainda sobrou espaço para não desalojar o pessoal da UNEB de seus locais de trabalho. Todos continuavam em seus lugares.
A menos de pequenas diferenças a distribuição pelos níveis de ensino era de 1/3 para cada um deles, que são os níveis básico, médio e superior. Ao ver esta distribuição achei que havia muita oferta para o nível superior e preparei-me para pouco trabalho. Tirei cópias de um artigo sintético sobre uma trilogia de Cálculo, estando dois volumes publicados pela Editora Ciência Moderna e o terceiro em processo editorial. Só para esclarecer as ideias, embora o artigo tenha 23 páginas, a trilogia tem cerca 1.200, sendo 550 destinadas a temas abordados no artigo. Isto me levou a acreditar que relativamente poucos participantes se interessariam pelo meu trabalho.
Dormi tranquilo e quando cheguei ao galpão tomei um susto. Tinham dois interessados esperando por mim. Quando comecei a atendê-los apareceram outros e mais outros. Eu acabava de explicar a um e logo reiniciava as explicações. Para atender todo mundo foi necessário triplicar a quantidade inicial de artigos.
Todos queriam explicações. O tema do trabalho era apresentar o Cálculo Integral sob o ponto de vista do movimento. O automóvel é um tema de referência importante para o assunto, pois tem bilhões de usuários ao longo de mais de 100 anos. Tanto tempo e tanta gente criou e desenvolveu a Cultura do Automóvel. Por este motivo nos concentramos no movimento do automóvel.
Para melhorar as coisas a velocidade e o deslocamento (quilometragem) são aplicações importantes do Cálculo. São medidos pelo velocímetro e pelo odômetro que todos os carros têm. Isto significa que tudo fica mais bem entendido quando se usar a Cultura do Automóvel para ensinar e aprender esta matéria. Enfim, o trabalho foi um sucesso.
Mas o melhor de tudo é que todos os participantes que apresentaram trabalho foram bem sucedidos. Isto significa muitas coisas, sendo três fundamentais. Por um lado a Feira de Matemática é uma organização séria gerida por gente habilitada. Felizmente tenho visto organizações igualmente sérias geridas por gente igualmente habilitadas. Por outro lado as professoras e professores em geral trabalham cada vez mais e melhor. Um reflexo deste fato é que os alunos destes professores têm-se mostrado mais estudioso.
Eu mesmo tive o prazer de atender estudantes de primeiro grau que preguntavam o que era Cálculo e como este assunto era estudado. Embora o tema fosse de Matemática Universitária, foi possível dar algumas explicações básicas. Espero que eles tenham entendido.
Se o leitor quiser pode falar com o autor pelo e-mail rjcvalladares@gmail.com