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Lógica do inesperado

Professor Doutor Renato Costa Valladares - Matemático

 
 

 

 

 

 

 

Artigo de Renato J. Costa Valladares

 
 

RIO [ ABN NEWS ] — Prezados leitores, hoje vou falar de algo não matemático que chamei de “lógica”, mas está bem longe do clássico “pensamento lógico” que por vezes escrevo. Eu estou fora do assunto, salvo pela cultura das pessoas comuns (eu, você, a vizinha, o entregador, etc.). Usando somente esta cultura atrevo-me a escrever este artigo. Espero que os leitores gostem. Há cerca de quinze dias eu soube que um jogador de Futebol foi atacado por uma banana. A fruta foi atirada por um torcedor do time rival e o motivo do ataque foi o racismo do torcedor que pretendeu comparar o jogador, que era negro, com um macaco. Ao ver a banana no chão o jogador a comeu. Com fruta no estômago e bola no pé ele deu andamento ao jogo. Gostei. Horas depois vi na TV que o jogador era o brasileiro Daniel Alves e eu gostei ainda mais. Com certeza ainda gostarei da ação dele e demais convocados de Felipão na Copa que se aproxima. Gostei da reação do brasileiro que transformou, em inteligência própria, a alheia zanga do racista. Ele criou uma situação inesperada que certamente deixou o preconceituoso com cara de … Melhor não dizer, pensei em um animal, mas preferi deixar os bichinhos em paz. Racistas são uns sei lá o que ou, brevemente, a sigla minúscula “sloq”. A inesperada lógica do jogador teve uma concordância imensa. Bananas foram usadas de muitas maneiras por pessoas de todos os tipos. Eram negros de todas as cores e brasileiros de todas as nacionalidades. Foi uma ode ao ser humano. Entretanto esta não foi a primeira vez que eu vi a lógica do inesperado. Em tempos passados havia um mal estar nacional pelo fato de o Brasil exportar produtos agrícolas. Um dia a lógica do inesperado chegou sob a forma de música, cantando “yes, nós temos banana”. Todo mundo gostou da ideia e a banana deu samba, muito embora este samba seja uma marchinha. Uma letra bonita e bem humorada apoiou o pensamento que embora o Brasil devesse exportar outros produtos, não podia deixar de exportar produtos agrícolas. O tempo passou e nossa pauta de exportação cresceu. A agricultura se desenvolveu em várias direções e o Brasil continua exportando seus produtos. Tomando a banana como protótipo destes produtos, podemos repetir um verso da marchinha acima e cada vez mais dizer que “temos banana pra dar e vender”. Tempos antes, no século XIX, cientistas e pesquisadores ingleses se dividiam entre “criacionistas” e “evolucionistas”. Sob um ponto de vista simples (ingênuo?), pode-se dizer que os criacionistas atribuíam a divindades, a criação da Humanidade. Por outro lado os evolucionistas entendiam que o homem evoluiu de outros animais, até atingir a forma atual. Sob este ponto de vista os seres humanos eram uma espécie de “primos” de macacos que junto com eles formavam um grupo de animais, conhecido como primatas. Esta foi uma entre milhares de vezes que cientistas tinham visões diferentes sobre temas em estudo. Até hoje as diferentes linhas de pensamento recaem em debates científicos que ao fim e ao cabo mostram o melhor caminho a seguir. É claro que estes debates devem ser conduzidos com o máximo respeito entre as partes. Infelizmente um criacionista esqueceu o respeito e dirigindo-se a um colega evolucionista perguntou a ele se sua descendência de macacos era por parte de pai ou de mãe. A resposta do evolucionista foi absolutamente inesperada. Ele disse mais ou menos o seguinte. Sinto-me mais feliz ao saber que sou descendente de humildes macacos do que de pessoas arrogantes como o senhor. Como sempre o tempo passou. A ciência mostrou que o evolucionismo é o caminho certo. Hoje testes de DNA mostram que as diferenças entre humanos e macacos são muito pequenas. O leitor que quiser pode falar com o autor pelo e-mail rjcvalladares@gmail.com Renato J. Costa Valladares, Professor e Escritor, é Doutor em Ciências e Mestre em Matemática.

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