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Marinha do Brasil resgata tripulação de veleiro francês 7 eme Continent que ficou à deriva em alto-mar, no Pará

Veleiro estava a caminho da Guiana Francesa, onde iniciaria a Expedição “Sétimo Oceano”, executada por organização ambientalista de mesmo nome

 

BELÉM DO PARÁ [ ABN ] — A Marinha do Brasil resgatou oito tripulantes do veleiro francês “7 eme Continent” (Sétimo Continente), que pertence a uma organização ambientalista. A embarcação, que navegava rumo à Guiana Francesa, ficou à deriva no dia 18 de dezembro, após uma avaria no leme. Após uma tentativa frustrada de reparo, a tripulação emitiu um pedido de socorro que chegou ao Salvamar Norte, estrutura da Marinha responsável por missões de resgate e salvamento no mar e nas águas interiores do Norte do Brasil, com centro operacional localizado em Belém (PA).

O veleiro foi localizado a aproximadamente 963 quilômetros de Belém (PA), pela tripulação do Navio-Patrulha (NPa) “Bocaina”, subordinado ao Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Norte, Organização Militar com sede na capital paraense.

O NPa “Bocaina” suspendeu da Base Naval de Val-de-Cães, em Belém (PA), no dia 20 de dezembro e chegou ao ponto onde estava a embarcação francesa no início da madrugada do dia 23. O Navio-Patrulha “Bocaina” retornou para Belém na manhã desta quarta-feira (28), trazendo todos os integrantes da expedição francesa, bem como o veleiro avariado, rebocado. Os oito tripulantes do veleiro – quatro homens e quatro mulheres, todos de nacionalidade francesa, com idades entre 16 e 66 anos –, estão em boas condições de saúde.

Expedição francesa

O veleiro “7 eme Continent” suspendeu do Porto de Sète, cidade francesa no Mar Mediterrâneo, no dia 7 de novembro. Após escalas em Gibraltar e Cabo Verde, seguia rumo à Guiana Francesa com oito tripulantes, todos voluntários da ONG que tem o mesmo nome do veleiro. A instituição se dedica ao desenvolvimento de pesquisas e ações educativas sobre a poluição causada por partículas de plástico nos oceanos.

O propósito da viagem era desenvolver a “6ª Jornada Pedagógica Proteger os Oceanos e Aprender”, que previa exposições em 11 Portos da Guiana Francesa, Martinica, Guadalupe e San Martin. As ações educativas estavam programadas para o período entre 2 de janeiro e 19 de março. Porém, segundo o navegador Philippe Jean Gilbert Hirel, imediato do veleiro, os planos poderão ser modificados devido à necessidade de reparos na embarcação, que precisará ser docada (isto é, precisará ser levada a um dique seco para que o problema no leme seja consertado).

“Estávamos em uma noite de calmaria, com ventos de cinco a sete nós, quando de repente sentimos a embarcação guinar para o lado oposto ao vento. Desligamos os motores e, pela manhã, nosso comandante (Patrick Deixonne) mergulhou e percebeu que o leme não se mexia. Não sentimos nenhum impacto, nem havia objetos ou peixes perto do barco”, conta Philippe Hirel.

Pedido de socorro

A tripulação do veleiro entrou em contato, via satélite, com representantes da ONG, na França. Estes enviaram um alerta para a autoridade marítima em Fort de France, na Martinica (departamento francês no Caribe). Por e-mail, Fort de France acionou o Salvamar Norte, em Belém. As coordenadas para a localização do barco dos pesquisadores franceses chegaram ao Salvamar às 18h de 20 de dezembro. Às 22h, o NPa Bocaina suspendeu, com 39 tripulantes a bordo, incluindo equipe médica.

O Navio da Marinha do Brasil localizou o “7 eme Continent” por volta de zero hora do dia 23 de dezembro. Por conta da movimentação das ondas, a manobra de aproximação e resgate durou toda a madrugada.

Os ocupantes do veleiro passaram por avaliação clínica, que atestou que todos estavam em boas condições de saúde, embora estivessem assustados e famintos – o veleiro ainda contava com boa reserva de água, mas os alimentos estavam escassos.

Militares brasileiros e ativistas franceses passaram a noite de Natal juntos, no refeitório do Npa “Bocaina”. “Quando vi o navio militar se aproximar, pensei, ‘estamos salvos’! Foi uma experiência incrível sermos resgatados em condições seguras, o que foi difícil, pois o mar estava muito forte. Depois, quando estávamos no navio, me senti muito segura, porque todas as pessoas eram realmente muito humanas. Eu senti ‘agora podemos descansar!’. Foi uma excelente atmosfera aqui. As pessoas são realmente muito sociáveis. Foi a noite de Natal mais incomum em toda a minha vida. Eu gosto de estar no mar, então, não foi nada mal”, relata a voluntária Louise Denise Odette Belpalme.

Para o comandante do Navio brasileiro, Capitão-de-Corveta José Heder Freitas Coelho, passar o Natal em alto-mar, após uma bem-sucedida missão de resgate, foi gratificante. “Houve bastante dificuldade, por causa das condições do mar. Demoramos algumas horas para conseguirmos arriar os botes e trazer a tripulação para dentro do navio. A primeira coisa que pediram foi comida. A união da tripulação nos ajudou a passar por esse momento com tranquilidade”.

Na chegada a Belém, o veleiro passou por revista de cães farejadores. Os tripulantes foram orientados a se apresentarem à Receita Federal, portando passaportes e os documentos da embarcação.

Os ambientalistas resgatados são: Patrick Georges Deixonne (57 anos); Philippe Jean Gilbert Hirel (66); Fabien Marcel Francis Richard Allouard (30); Louise Denise Odette Belpalme (36); Samuel Deixonne (16); Lesia Lucia Josephine Piro (25); Maud Anne Laure Tarico (40); e Maria Marie Esperanza Batalla Sobrino Épouse Deluy (59).

Disque 185: Emergências Marítimas ou Fluviais

O Serviço de Busca e Salvamento da Marinha (Salvamar) tem a missão de prestar auxílio à vida humana em perigo no mar, nos portos e nas vias navegáveis interiores. Os integrantes do Salvamar estão sempre preparados e estrategicamente posicionados, 24 horas por dia, para prestar auxílio atendendo aos pedidos de socorro.

Para isto, são utilizados navios, aeronaves e mergulhadores da Marinha, bem como embarcações de entidades privadas, órgãos governamentais e empresas, acionadas por uma estrutura de auxílio mútuo. O canal 16 (frequência 156.8MHz) de uma estação rádio VHF (a bordo ou em terra) é exclusivo para chamada e escuta (internacional) para pedir socorro via rádio. O telefone 185 é destinado exclusivamente para receber pedidos de socorro.

 

 

 

 

 

 

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