Nicias Ribeiro, Especialista em Energias, é Articulista e Engenheiro Eletrônico.
BELÉM DO PARÁ [ ABN NEWS ] — Imagino que o brasileiro preparou-se para enfrentar as dificuldades econômicas, de 2015, como inflação acima de 6,5%, juros elevados, desemprego em alta, divida publica chegando a R$ 3 trilhões, crescimento da economia negativo; além do aumento de impostos, da energia, da gasolina, do óleo diesel, do gás, etc. Mas, por certo, não se preparou para um apagão duplo, de água e luz, devido ao esvaziamento dos reservatórios de água de S. Paulo, Rio e de Minas, o que sem duvida preocupa bastante, uma vez que está faltando água, não só para gerar energia, mas, também, para uso das pessoas e à agropecuária. E eis um problema sério e de difícil solução, de vez que é provocado pela própria natureza, que, agora, resolveu reagir às agressões sofridas ao longo do tempo.
A situação é grave! Dai a reunião dos Ministros do Meio Ambiente e das Minas e Energia com a Presidente Dilma, no Palácio do Planalto, para avaliar o quadro, até porque a falta d’água agrava mais, ainda, a crise de geração de energia elétrica em nosso País. Terminada a reunião, a Ministra do Meio Ambiente falou aos jornalistas, e, timidamente, tratou da crise e disse apenas que “a população deve economizar água e energia”. Não falou de racionamento.
Sinceramente, não sei por que o Governo tem dificuldade de assumir, claramente, que o Brasil está enfrentando uma grave crise de falta de água e de geração de energia, esta em grande parte devido à falta d’água nos reservatórios de acumulação das hidrelétricas do Sudeste e do Nordeste, fato que ocorre há anos e sem que o Governo tenha buscado aumentar, a tempo, a geração de energia hídrica para atender a demanda do consumo, em vez de simplesmente acionar as termoelétricas que, por óbvio, geram uma energia elétrica caríssima e que a grande maioria da população não tem como pagar, piorando ainda mais a economia do Setor elétrico; além de lançar na atmosfera cinco milhões de toneladas de CO2, a cada mês, aquecendo ainda mais o Planeta.
E agora, o que dizem os “ambientalistas”? Principalmente aqueles que usaram de todos os meios para atrasar o inicio das obras de Belo Monte; bem como das hidrelétricas de Marabá e do Tapajós, cujos estudos de viabilidade já foram concluídos e que, infelizmente, até agora suas obras não foram iniciadas, o que é preocupante, até porque não se acha hidrelétrica pronta para venda, precisa ser construída. E isso demanda tempo. Aliás, muito tempo. E não me venham com aquele discurso falacioso de que se deveria usar energia eólica, a chamada “energia preguiçosa”, uma vez que os aero geradores só funcionam se houver vento. Parou o vento, pára a geração de energia. E não há como armazená-lo. Do mesmo modo a energia solar, que só se aplica domesticamente e assim mesmo durante o dia, uma vez que não há como armazená-la em escala industrial, apesar dos esforços dos americanos no deserto de Nevada e dos espanhóis, que pesquisam a utilização do sal para isso.
Como se vê, tanto a energia eólica como a solar são e serão por muito tempo, ainda, energias complementares a qualquer sistema elétrico, como na Alemanha, por exemplo, cuja matriz é sustentada por Usinas Nucleares e por termoelétricas movidas à carvão mineral e a gás. No caso do Brasil, cujo sistema elétrico atende uma população de mais de 200 milhões de pessoas e um robusto parque industrial, precisa de uma matriz energética firme, que pode e deve ser complementada por energia eólica, solar, da biomassa, das marés e outras. Mas, quando se fala de energia elétrica firme, falamos da energia gerada por hidrelétrica, que tenha reservatório de acumulação de água, ou, por termoelétrica, movida a carvão mineral, a óleo diesel, a gás ou por fricção nuclear, nas chamadas “Termonucleares” como as Usinas Angra I e II no Rio.
Se assim é, como se justifica a construção de hidrelétricas a fio d’água, como Belo Monte, que não possui reservatório de acumulação? Isso é brincar com a sorte e confiar, demais, na regularidade e na intensidade das chuvas.
Mas, como se aprende com os erros, espero que essa crise mostre, a todos, a importância de se construir hidrelétricas na Amazônia, com reservatório de acumulação, pois só assim o Brasil terá energia farta, firme e barata.
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