Nicias Ribeiro
BRASÍLIA [ ABN NEWS ] — No artigo de quarta-feira passada, 31/12/2014, dissemos que àquele ano, que estava terminando, jamais poderia ser esquecido, não só pelos 7 à 1 que o Brasil levou da Alemanha, na Copa do Mundo, mas, principalmente, por ter sido o ano em que o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento do chamado processo do “Mensalão”, que imaginávamos fosse o maior escândalo de corrupção da nossa história, até porque envolvia pessoas dos mais importantes do Centro do Poder, como o Ministro Chefe da Civil da Presidência da República, além de Agentes políticos da cúpula do partido do governo, que, aliás, foram condenados na sua grande maioria e presos, em regime fechado.
Como dito acima, imaginávamos que o “mensalão” fosse o maior escândalo de corrupção da nossa história, uma vez que, até então, nunca havia acontecido algo semelhante em nosso País. Todavia, enquanto a população estava com a sua atenção voltada para a disputa eleitoral, a Polícia Federal agia, silenciosamente, investigando a execução de obras da Petrobras, cujos contratos havia rumores de superfaturamento e outras ilicitudes, algumas apontadas inclusive pelo Tribunal de Contas da União (TCU). E, para surpresa de muitos, foi deslanchada a “Operação Lava Jato”, da Polícia Federal, que, no início, prendeu meia dúzia de pessoas, depois meio mundo de gente e trouxe à tona o escândalo de corrupção da Petrobras, que, pelas notícias que nos chegam, aparece como o maior de todos os escândalos de corrupção já ocorridos no Brasil e que, segundo os americanos, é o maior do mundo, ocorrido em países ditos democráticos, não só pelo enorme volume dos recursos desviados, mas, principalmente, pela sofisticada engenharia para o desvio do dinheiro.
Na verdade, o escândalo de corrupção da Petrobras é tão grandioso que, sem dúvida, desvalorizou o escândalo do “Mensalão”, que, pelo montante de recursos desviados, não precisaria ser julgado pelo STF mas, sim, por um juizado de pequenas causas, segundo o Ministro Gilmar Mendes do STF. E, registre-se, que isso é só o começo, uma vez que a investigação restringiu-se, apenas, a uma diretoria da Petrobras. Imaginem o que ainda tem por vir, quando as investigações forem concluídas?!… Mas, isso fica para a próxima semana, quando o Judiciário voltar do recesso. Como se vê, 2015 promete!…
Mas, nem tudo está perdido. O Supremo Tribunal Federal, o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público e a Polícia Federal, deram demonstração nítida de autonomia e não se ajoelharam ante o Poder Executivo. A imprensa, livre e independente, cumpriu bem o seu papel de noticiar o mar de lama que ameaçava corroer a credibilidade das nossas instituições.
Os brasileiros sofrem nas mãos de um Estado caro, ineficiente e perdulário, que seqüestra 37% do PIB (produto interno bruto) em impostos e investe um pouco mais de !% na melhoria dos serviços públicos. E o resultado desse pouco caso, se vê nas rodovias esburacadas ou não pavimentadas, como a Cuiabá – Santarém (BR-163) e a Transamazônica (BR-230), nos portos congestionados, na péssima qualidade de atendimento nos hospitais públicos e na preservação de um dos piores sistemas educacionais do mundo, que, sem dúvida, está produzindo uma geração de jovens, semi-analfabetos, incapazes de conquistar empregos na sociedade do conhecimento. Aliás, a péssima qualidade da educação pública, a nosso ver, destrói a igualdade de oportunidade e aumenta a desigualdade social.
Mas, voltemos à Petrobras. Essa empresa que era o orgulho dos brasileiros e que sofreu um enorme dano na imagem, no respeito, no valor de mercado, na saúde financeira, no mercado de capitais e na capacidade de investir.
Hoje a Petrobras se vê no pior dos mundos. A sua dívida líquida está em torno de 250 bilhões de reais, sendo 80% em moeda estrangeira. Escândalos de toda ordem. O seu valor de mercado caiu cerca de 80% nos últimos seis anos. E some-se a isso, a humilhação dos balanços não terem sido assinados pelos auditores externos. Por fim, o preço do barril de petróleo caiu e chegou a 69 dólares, devido ao aumento na produção mundial, sobretudo nos EUA, graças ao óleo e o gás extraídos das rochas de xisto. Vamos em frente.
[*] Nicias Ribeiro, Especialista em Energias, é Jornalista, Articulista e Engenheiro Eletrônico.
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