Lembrai-vos de 35 !
General-de-Exército Gleuber Vieira [*]
BRASÍLIA [ ABN NEWS ] — Há na Praia Vermelha, na cidade do Rio de Janeiro, um monumento votivo edificado em memória dos mortos da conhecida Intentona Comunista de 1935. Diante dele, todos os anos, democratas se postam em sinal de respeito, com a esperança de que tempos fatídicos de revoluções totalitárias nunca mais tenham lugar entre nós. Essas atitudes mórbidas e tresloucadas que, 66 anos atrás, levaram ao derramamento de sangue de inocentes em quartéis do Exército, no Nordeste e no Rio de Janeiro, são apenas sombras indesejáveis em nossa História, coisas que o tempo dissolverá por completo. Nem por isso, no entanto, deixarão de ser lamentáveis, porque contrapõem-se à ideia de liberdade e democracia.
A insurreição de 35, como bem recordamos, teve envolvimento de militares contaminados pela doutrina comunista que alguns desejavam impor ao Brasil. Começou em Natal, com a participação de graduados e soldados e de quase 300 homens da guarda civil. Os rebeldes sujeitaram a cidade, durante quatro dias, à violência e ao saque de estabelecimentos bancários e comerciais. Tropas do então 20º Batalhão de Caçadores, de Alagoas, e da polícia da Paraíba os contiveram e restabeleceram a ordem.
Em Pernambuco, revoltosos civis, reforçados por oficiais e praças equivocados, encarregaram-se das atrocidades. Durante dois dias, combates violentos foram travados em vários pontos do estado, sem que os rebelados lograssem entrar em Recife. Duas unidades do Exército e a polícia bloquearam-lhes a passagem e puseram fim à rebelião.
No Rio de Janeiro, as proporções do movimento foram mais amplas e cruéis, tendo sido deflagrado, simultaneamente, no 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha; no 2º Regimento de Infantaria e no Batalhão de Comunicações, na Vila Militar; e na Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos. Os amotinados, companheiros de véspera, feriram e mataram indiscriminadamente, tentando expandir a rebelião a todo custo. Esbarraram na mais férrea resistência das forças legalistas. E perderam a luta. Não foi essa a última tentativa desses radicais de conquistar o poder para estabelecer uma tirania no Brasil. Nas décadas seguintes, tentaram novamente. O Exército viu-se compelido a contrapor-se a eles, vencendo-os em combates de rua e em selvas inóspitas, mesmo experimentando o desgaste de um conflito prolongado.
Não apenas os derrotou, mas ajudou também a desenvolver o País. Quase ao final do século passado, o tempo se encarregou de mostrar ao mundo a decadência do comunismo, aniquilado por suas próprias contradições, por seus inúmeros erros, por sua violência exacerbada, por milhões de mortos que impuseram à humanidade.
Sessenta e seis anos depois daquele trágico novembro, os quartéis do Exército Brasileiro param, por alguns momentos, para refletir sobre essa página negra de nossa História. Estamos convencidos, mais do que nunca, que nossa luta não foi em vão, e que estivemos ao lado da sociedade brasileira todas as vezes em que esta, em sua maioria, rejeitou o radicalismo, a desordem e o terror.
Brasília, 27 de Novembro de 2001
Gen Ex Gleuber Vieira — Comandante do Exército
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27 de Novembro de 2018
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