Comentário Geopolítico nº 212 de Gelio Fregapani

Ministério da Defesa em Brasília

Assuntos

No Mundo: Vantagem americana e As Marionetes e quem maneja os cordéis

No País: O Momento político e a Comissão da Verdade, A “Nossa” Guerra e Segurança Pública

 

NO MUNDO

Gigantesca queda de braço

BRASÍLIA [ ABN NEWS ] — Na queda de braço entre os EUA e a Rússia os primeiros estão levando vantagem, mais do que as sansões econômicas, a baixa forçada do preço do petróleo está castigando a última, ao mesmo tempo em que atinge duramente a economia do Irã e da Venezuela. Apesar dos problemas que enfrentam na Síria e na Criméia os EUA e seus aliados da UE estão ganhando na América Latina onde os ventos sopram a favor deles, pois aproveitando a incompetência e corrupção dos governos que lhe são hostis provavelmente conseguirão substituí-los por outros mais favoráveis.O fim das sanções contra Cuba acabará de derrubar o perigo no seu quintal, quebrando a ponta da lança vermelha na América Latina, pois os devotados guerrilheiros comunistas daqui ficam sem entender nada. Acabou-se a causa. Só lhes restarão a defesa do meio ambiente e dos “direitos humanos”, em ambos os casos estarão fazendo o jogo dos “inimigos” do norte.

Aproveitando a melhor posição, os EUA prosseguem a escalada adotando medidas de isolamento da Rússia, fornecendo armas à Ucrânia e fortalecendo a presença militar nos vizinhos da Rússia, o que no conjunto, constituem a segunda Guerra Fria. O mesmo tipo de sansões econômicas induziu o Japão à guerra, mas nesta queda de braço a Rússia conta com a impossibilidade da Europa de substituir a importação de gás russo pra suprir sua necessidade de energia, contudo, a grande aposta russa seria a criação de uma aliança anti-dólar com países (os Brics?) dispostos e capazes de deixar o dólar de lado no comércio internacional e evitar manter as reservas monetárias em dólar, o que quebraria o poderio econômico-financeiro estadunidense, mas arriscaria a uma reação bélica. Aliás, ficando evidente a superioridade de um dos lados o outro pode arriscar um lance desesperado assumindo a possibilidade de guerra total e portanto, nuclear. Várias agências de segurança fazem planos já para o Day After nesta hipótese.

No momento, só quem está lucrando com a baixa do petróleo são os importadores. Noticiou-se que a China economiza dois bilhões por dia.

As Marionetes e quem maneja os cordéis

Ao invés de criarem seu próprio dinheiro, ha governos que tomam emprestado aos cartéis bancários, controlados pela linhagem financeira dos Iluminati, pagando juros (e as vezes, pequena parte do principal), com dinheiro arrancado diretamente do bolso dos contribuintes. Uma quantia astronômica de dinheiro vai, portanto, direto aos cofres dos banqueiros internacionais para o pagamento de empréstimos que poderiam ter sido evitados se os governos simplesmente emitissem. Então por que não fazem isto?

É porque os Iluminati controlam facilmente os governos corruptos com propinas e comissões. Apelidam de privatização a venda de ativos dos Estados-nacionais em resposta às cobranças dos débitos engenhosamente criados pelos bancos com a conivência dos maus governos. Quanto mais corruptos mais cedem o controle de seus recursos naturais e seu parque industrial, enfim, da sua soberania simplesmente porque não têm como pagar esses empréstimos-armadilha, criados artificialmente para enredá-los em situação deplorável.

A ‘Dívida do Terceiro Mundo’, especialmente a dos países ricos em matérias primas estratégicas, foi fabricada para substituir a antiga ocupação física, dos tempos do colonialismo, pela ‘ocupação financeira’, induzindo-os à rendição e à entrega total das suas riquezas e de seu mercado.

NO PAÍS

O Momento político

A situação político-institucional agrava-se dia a dia e as esquerdas ainda pretendem forçar o Governo a atender suas reivindicações, mas o Governo ficará realmente numa encruzilhada quando os “movimentos sociais”, (MST, MTST, VIA CAMPESINA etc), começarem as ações de guerrilha que estão preparando para impedir o cerco sobre os corruptos, tendo como objetivo longínquo implantar o comunismo. Poderia até ser a oportunidade para passar o País a limpo, mas se o governo, por seu partido ser o beneficiário dessas ações, não determinar a repressão aos “movimentos”, as Forças Armadas terão de agir por iniciativa sob pena de instalar-se no país uma guerra civil de porte e consequências imprevisíveis

Não é de hoje a tentativa governamental de que quebrar a espinha das Forças Armadas, reminiscência do positivismo internacionalista, redivivo com força no final do século passado quando o governo de então criou o Ministério da Defesa entregando-o a um elemento ligado ao Crime Organizado e tentou matar a míngua as Forças, retirando-lhes as verbas para equipamentos, para munição, uniformes e até para alimentação.

A partir daí, governos sucessivos atenuaram o mau tratamento mas mantiveram as nomeações de indivíduos incapazes (quando não desqualificados moralmente) para Ministros da Defesa procurando sempre antagonizar as Forças com a população .

Já temos a deletéria Comissão da Verdade a reabrir feridas. Somando a nomeação de indivíduo desqualificado moralmente como novo Ministro da Defesa que pelo seu passado tenderia a obstaculizar as operações militares e a apoiar os baderneiros auto intitulados de movimentos sociais talvez tenha ultrapassado a linha vermelha. Nesta hipótese não existe saída sem intervenção militar. O primeiro a ser neutralizado teria que ser o próprio Ministro.

Queiram ou não queiram os apátridas da Esquerda ou da Direita, toda nação tem um exército a ocupá-la: o seu ou o de estrangeiros e nenhum governo se sustenta sem ao menos o seu consentimento. No nosso caso tanto as forças políticas como a sociedade civil tendem a querer a substituição do atual Governo, só não sabem por quem. Numa situação dessas não basta o consentimento das Forças Armadas, mas o Governo só se sustentará se tiver o seu apoio e isto não pode ser conseguido na ausência de uma faxina geral e de um repúdio firme à maligna Comissão da “Verdade”. Não se tenta quebrar o orgulho de uma Força Militar impunemente. Também será impossível a concordância das Forças Armadas com essa idéia de dissolver o País no seio de uma hipotética organização internacional seja a UNASUL seja qualquer outra.

Preparemos nossas armas e aguardemos os acontecimentos, pois talvez tenhamos que por ordem na casa. Não se sabe o que acontecerá, mas não estaremos do lado de quem queira nos espezinhar.

A Comissão da Verdade e o novo Ministro

O Ministério da Defesa é instituição mais desprestigiada da Nova república. Já teve de tudo. Gato, rato, berinjela, marionete, melancia, chifrudo e agora um bêbado… Alguns não apresentaram o mínimo de atributos exigidos ao ingresso em qualquer das Forças entretanto, jamais houve algo tão mesquinho, desonesto e imbecil como a proposta do petista Pedro Dallari da “Comissão da Infâmia”, no Congresso Nacional. Baseado em testemunhos mentirosos propôs a diminuição dos orçamentos militares, que contemplam projetos estratégicos na área de Defesa do País, tendo como objetivo forçar os chefes militares a reconhecer violações de direitos humanos, segundo ele, ocorridas durante os governos militares.

Pensa esse mentecápto que pode quebrar o espírito de corpo de um Exército brioso? O que quer realmente? Destruir a já pequena capacidade defensiva do País? Provocar uma reação militar, onde seria preso imediatamente? Reabrir a Guerra Fria dentro do País, mas em proveito de quem, se é certa a vitória das Forças Armadas?

Se provocar uma reação foi o objetivo visado, andou perto de o conseguir pois nós da quase totalidade dos militares já o teríamos prendido e alguns de nós o teriam querido fuzilar. Fomos inibidos apenas pela lealdade ao nosso comandante, que se limitou a ir equipando o Exército, dando como moeda de troca os serviços da Engenharia. Muitos camaradas de armas recriminaram o Comandante Enzo considerando-o muito complacente, mas pode ser que ele esteja certo pois a tal Comissão tende a se dissolver no vento. Nunca a nossa população a quis e os maus políticos tremem ao pensar nas consequências. Apenas tentam, inutilmente, desviar a atenção do escândalo do BNDES, que segundo parece envolverá 90% dos Senadores e provocará ou a faxina geral ou a mudança de Governo.

Mais por análise geopolítica do que por dever militar, respeito o atual Comandante do Exército. Nem sempre respeitei aos comandantes anteriores, desde os inúteis como o Chico Albuquerque, ou no longínquo passado, o protótipo do subversivo mentiroso que foi o Benjamin Constant (ver o adendo), mas os limites estão perto de serem ultrapassados. A nomeação de um inimigo declarado para Ministro da Defesa talvez seja o ponto de ruptura.

A “Nossa” Guerra

Apesar da situação conturbada a nossa guerra não é a política partidária. Enfrentamos duas batalhas mais importantes: a da sobrevivência da Petrobrás como empresa nacional e a de impedir criação de nações indígenas independentes. Investidores norte-americanos entraram com ações judiciais pela desvalorização de seus papéis, o que é uma jogada psicológica, já que o jogo das Bolsas não conta com garantias, mas se colar, colou.

A pressão para a alienação da Petrobrás é evidente, lastreada na corrupção petista, como se a corrupção fosse o apanágio das estatais num ensaio de ampliar a desnacionalização dos anos 90, que atingiu entre outras a Telebrás, que gerava excelentes resultados em produções realizadas com tecnologia nacional, esvaziada pela concessão entreguista. Hoje, com a Petrobras, desmoralizada, tem suas ações desabando na bolsa, mas George Soros aproveita e as compra a baixo preço.

Contudo, uma questão inquieta: “Como ficará o Pré-Sal se o barril for a US$ 50?” – A resposta é: “Ainda viável. O custo do petróleo do Pré-Sal está na casa de US$ 45 por barril, de forma que teremos uma margem pequena, mas ainda positiva. O petróleo da Bacia de Campos, com custo em torno de US$ 14 por barril, não estará de forma alguma ameaçado”. Esta posição privilegiada do Brasil é consequência, além da natureza, da capacidade técnica e empresarial da Petrobrás. A baixa do preço vai prejudicar os próximos investimentos, mas não os impedirá além disto a baixa pode não durar.

Quanto a Questão Indígena, a traidora Funai está perdendo força e a própria Presidente já não tolera mais o apátrida do Ministro da Justiça e nem o recebe mais e se porventura este Governo for substituído, a leniência petista para com as ONGs internacionais terá sido um dos motivos.

Segurança Pública

Talvez seja o que mais preocupe o nosso povo e com razão. Quando o estatuto do desarmamento foi aprovado, em 2003, o Brasil estava atônito com a quantidade de homicídios e a nova lei se apresentava como solução através de rígidas restrições ao acesso às armas pelo cidadão comum. O Estatuto reduziu a posse de armas de fogo apenas pelas pessoas de bem O número de assaltos cresceu exponencialmente e homicídios aconteceram em maior número ano a ano, sucessivamente batendo seu recorde anterior.

O Estatuto é um fracasso! Certamente não é a única causa da violência indiscriminada, mas é a principal; a errônea maioridade penal e uma legislação frouxa que visava proteger o cidadão de uma pretensa ditadura tem contribuído para a impunidade, mas é a certeza da impossibilidade de reação o que mais estimula os malfeitores mais ainda do que a possibilidade de uma punição em um futuro longínquo.

Isto todos vêem, o que poucos percebem é que o Estatuto, estimulado pela ONU, visa acostumar aos povos a nunca resistires e cederem face a ameaças assim, os dominadores não precisarão matar nem morrer para conseguirem o que querem. Bastará ameaçar.

Uma das maiores incentivadoras desse Estatuto que deu errado é a Maria do Rosário, uma diaba com nome de santa, que processou o Deputado Bolsonaro por ter dito que ela não merecia ser estuprada. Será que ela acha que merece?

Que Deus proteja a todos nós.

Gelio Fregapani

ADENDO

“RUMO À TROPA!” “RUMO AO MAR!”

Coronel de Infantaria e Estado-Maior, Manoel Soriano Neto.

“Rompemos com a Coroa, mas não rompemos com o assado!”

(declarado pelo Presidente Deodoro da Fonseca, em um acesso de fúria…)

O Positivismo surgiu na França e teve fundamental influência na evolução histórica de países como o México, o Chile e o Brasil, principalmente, bastando ver-se o lema positivista de nossa Bandeira (a propósito, Santos=Dumont, o Patrono da Aviação Brasileira, ao receber os seus prêmios, se negava a empunhar a Bandeira Nacional, preferindo um galhardete verde e amarelo, pois dizia que não desejava ser propagandista de uma seita internacionalista e sectária). Tal ideologia ancorava-se em princípios agnósticos da ciência pura, segundo o que foi chamado de “Religião da Humanidade”, com a sua “Deusa Razão”,- Clotilde, amásia de Augusto Comte. Em estreita síntese, diríamos que o Positivismo era cientificista – era verdadeiro o que pudesse ser comprovado cientificamente, segundo ensinava Descartes; era pacifista, humanista, cosmopolita, anticlerical, propugnador da “ditadura republicana”, sendo um de seus epíginos, o ditador do Paraguai, Dr. Francia, e adepto da extinção dos Exércitos permanentes que deveriam ser substituídos pelas gendarmerias, formadas por “cidadãos-soldados”. Almejavam, quanto ao Brasil, a sua desintegração, com a criação de várias “pátrias brasileiras” (ver discurso do coronel Afonso de Carvalho, quando deputado federal, em 1946, publicado, em alguns trechos, pela magnífica edição histórica, de novembro passado, do Jornal Inconfidência, alusiva à Intentona Comunista, em que o ilustre oficial traça paralelos entra as ideologias positivista e comunista, condenando, com veemência, a ambas). Àquela época, nossos jovens oficiais faziam questão de ser chamados de “doutores” ao invés de Alferes, Tenentes ou Capitães (a exemplo de seu ídolo, o Tenente-Coronel Benjamin Constante, que só se declinava como “Doutor Benjamin”), como se pejassem de seus postos na hierarquia militar. A politização do Exército, primeiro, a mentalidade dos oficiais positivistas, em segundo lugar, e a Revolução Federalista de 1893 e a concomitante Revolta da Armada, por final, foram as causas (aliás, concausas) alistadas por Tasso Fragoso para justificar o que chamou de “a estagnação das Forças Armadas”, nos albores da República, tudo muito pernicioso para a atividade-fim das Instituições Militares, o que veio a se refletir nos “quase fiascos de Canudos e Contestado”. E continuava o grande historiador militar, após abjurar o Positivismo, ele que fora um de seus mais ardorosos profitentes: “Por seu turno, a Revolta da Armada, com íntimas ligações com a Revolução de 1893, quebrou a coesão da Marinha e a isolou do Exército, pelo que a novel República seria presa fácil de qualquer aventureiro alienígena”.

Para bem evidenciar-se o que se passava na Escola Militar, vejamos o depoimento do líder federalista, Senador Gaspar da Silveira Martins, que da tribuna do Senado, iterativamente, condenava o “bacharelismo militar”. Disse o valoroso Chefe “maragato”, que bem conhecia a metodologia da Escola, pois um de seus filhos era aluno da mesma: “Em vez, porém, da têmpera forte que convém dar ao Exército, o que se vê em nossas Escolas Militares? A mocidade imbuída das doutrinas de Augusto Comte e Laffite e professando uma “Religião da Humanidade” que visa ao cosmopolitismo. Pode ser que sejam boas tais doutrinas, mas não para o Soldado, que antes de tudo é feito para empunhar armas em defesa da Pátria. Alguns diretores dessas Escolas chamam, filosoficamente, os grandes Generais, de “assassinos dos povos”. Singular maneira, aliás, de encarar a questão em uma Escola de Soldados”..

A dicotomia entre oficiais ditos “práticos-tarimbeiros” e “teóricos-bacharéis” acentuou-se, sobremaneira, com a reforma de ensino promovida por Benjamin Constant, quando Ministro da Guerra. Tal reforma era voltada para uma formação militar eminentemente bacharelesca, o que assaz potencializava o divisionismo entre as duas correntes anteriormente referidas. E isso veio a se exacerbar, agudamente, quando foram publicados trabalhos de alunos positivistas, que condenavam a Guerra do Paraguai e depreciavam, acerbamente, nossos Comandantes, em especial o Duque de Caxias, teses que foram aprovadas, “summa cum laude” pelo Ministro “Doutor Benjamin”. Os alunos afirmavam que a guerra foi “um grande rolo”, de três contra um, atentatória aos princípios humanitários e pacifistas empalmados pelos seguidores da “Religião da Humanidade”. Mas a atitude do Ministro desagradou profundamente a Deodoro e Floriano, ambos, assim como Benjamin Constant, partícipes daquele conflito. “Rompemos com a Coroa, mas não rompemos com o passado!” bradou Deodoro, em um acesso de fúria, quando de uma reunião do Ministério, rasgando com violência, alguns dos ditos trabalhos. Iniciava-se uma grave crise política que redundou, posteriormente, no rompimento definitivo entre o Presidente e Benjamin Constant, que permaneceu na Pasta da Guerra por apenas quatro meses. Àquele tempo, tudo o que se relacionasse ao Império, como os seus gloriosos feitos marciais, era propositadamente esquecido e/ou depreciado pelos “bacharéis fardados”, não porém pelos militares mais idosos, a começar por Deodoro da Fonseca. Os velhos combatentes da Guerra do Paraguai eram vaiados pela mocidade militar, como nos relata Tasso Fragoso em “Advertência Preliminar”, no seu livro “A Batalha do Passo do Rosário”. Diga-se que o ínclito Marechal José Pessoa registrou em suas memórias, a estranheza que sentiu, quando iniciava como aluno a sua formação castrense, em 1903, o do centenário de nascimento do Duque de Caxias, quando sequer o augusto nome de nosso “Soldado Maior” foi lembrado em sua Escola. Aduza-se que somente em 1925 (55 anos após o término da Guerra do Paraguai!), a memória do impoluto Duque, “O Pacificador”, “Patrono da Anistia” – epíteto que lhe deu o jornalista e acadêmico Barbosa Lima Sobrinho – e Patrono do Exército, foi resgatada de um injusto anonimato, não condizente com os tantos e tamanhos serviços por ele prestados ao Brasil, na paz e na guerra. Naquele 1925, o Ministro da Guerra, General Setembrino de Carvalho, instituiu o “Dia do Soldado”, a ser comemorado a cada 25 de agosto, data do nascimento do Duque invicto.

A “ditadura republicana”, apregoada pelos prosélitos do Positivismo foi implantada pela Constituição de Júlio de Castilhos, no RS, a qual foi resguardada, por muito anos, pelo ultra-positivista Borges de Medeiros (era “um Estado dentro de um Estado”, consoante Rui Barbosa).

Em 1904, o governo fecha a Escola Militar da Praia Vermelha, em face de uma sublevação coletiva dos alunos (ainda não havia o título de cadete), contra a vacina obrigatória, ocasião em que estes saíram às ruas do Rio de Janeiro e praticaram atos vandálicos como a quebra de inúmeros lampiões.

No período em comento, a grave situação das Forças Armadas, sem um “minimum minimorum” de espírito militar, teria de ser radicalmente modificada. Esta passou a ser a grande motivação, a prioridade de número primo, após a morte de Benjamin Constant, em 1891. A reação àquele estado de coisas ocorreu no Exército e na Marinha. Quatro nomes, dentre outros, avultam, a nosso sentir, na cruzada em prol do soerguimento do moral, do espírito militar e da operacionalidade das Forças Armadas: o Barão do Rio Branco, nosso Chanceler, que propugnou “à outrance”, pelo reaparelhamento da Marinha e do Exército; Olavo Bilac, que desencadeou memorável apostolado cívico, por todo o País, em defesa do Serviço Militar Obrigatório, do qual é, aliás, o digno Patrono; o Marechal Hermes da Fonseca, Ministro da Guerra, que encetou a dita “Reforma Hermes’, cujo lema era “Rumo à Tropa!” e o Ministro Almirante Alexandrino de Alencar, que promoveu campanha semelhante na Marinha, cujo mote era “Rumo ao Mar!” E, posteriormente, no bojo dessas reformas, uma plêiade de oficiais foi estagiar na Alemanha (eram os “Jovens Turcos”); foi criada, em 1919, a “Missão Indígena” para a instrução na Escola Militar do Realengo e trazida da França uma Missão Militar que atuou no Exército, de 1920 a 1940.

Assim, saiu vitoriosa a corrente dos “tarimbeiros”, “troupiers” ou “combatentes”. Em pouco tempo, os “bacharéis fardados”, também apodados, pejorativamente, de “filhotes de Benjamin”, “desapareceram”, pois foram sistematicamente preteridos nas promoções e transferidos para longe do Rio de Janeiro, tendo a grande maioria, muitos ainda bem jovens, solicitado transferência para a Reserva.

Anos depois, outros jovens oficiais, já formados sob rígidos regulamentos, na Escola Militar do Realengo, criada em 1913, vão deflagrar um período de bernardas, na década de 1920, chamado de “Tenentismo”, pela honra do Exército e para “regenerar a Pátria”: em 1922, em 1924, com a intrusão da Revolução Libertadora, de 1923, no RS, epílogo, digamos assim, da Revolução Federalista ou “Da Degola”, de 1893/9, e, finalmente a Revolução de 1930. São os enigmas da História…

Finda essa incompleta recorrência histórica, traçada, de escantilhão, para melhor entendermos a atual conjuntura em que as Forças Armadas foram enxovalhadas por essa maligna, parcial e revanchista Comissão da Verdade, faz-se necessário que haja, como houve no passado, uma FIRME REAÇÃO do estamento militar brasileiro contra as mentiras, vilanias e calúnias contidas no relatório apresentado no dia 10 de dezembro.

A par das indignadas e justas reações dos generais Etchegoyen e Paulo Chagas, em vista dos ataques às figuras honorabilíssimas de seus genitores, além das notas dos clubes militares e dos inúmeros protestos que circulam em várias mídias, gostaria de também expressar o meu repúdio ao constatar, na nominata de eméritos Chefes militares do passado, existente naquele covarde relatório, o nome de um meu ex-comandante, o General Amadeu Martire, já falecido há muito tempo. Integrei, com muito orgulho, no 12º RI, de Belo Horizonte, então comandado pelo Cel Dióscoro do Vale, o “Destacamento Tiradentes” que partiu de Minas para o Rio de Janeiro, a fim de derrubar o governicho cripto-comunista de João Goulart. No ano seguinte, o Regimento passou a ser comandado pelo Cel Amadeu Martire, um herói da FEB, eis que na Itália, comandou, como Capitão, a 8ª Companhia do 1° RI – o Regimento Sampaio. A sua subunidade foi decisiva nos combates para a conquista de Monte Castelo. Eu tive o privilégio de ler os assentamentos desse grande chefe militar, de “excepcional coragem física e moral”, no campo de batalha. Era um comandante rígido, cumpridor ferrenho do dever, mas extremamente humano, incapaz de fazer mal a quem quer que fosse. Já tive excelentes comandantes, mas, com certeza, o Cel Martire foi o que mais marcou a minha longa vida militar, influenciando em meu comportamento e conduta, desde que eu era um jovem Tenente. Mantive contato com ele até a sua morte e fiquei estarrecido quando vi o seu honrado nome na relação dos que contribuíram, direta ou indiretamente, para com a tortura e maus tratos a prisioneiros. Não tenho nenhuma procuração da família para defender esse saudoso e valoroso Chefe; o seu filho, Comandante Martire, Capitão de Mar e Guerra, faleceu recentemente, mas tenho absoluta certeza de que os comandados desse insigne oficial-general, como eu, se sentiram revoltados ao ler o seu nome no faccioso relatório. Descanse em paz, bravo General Amadeu Martire, pois os que o conheceram, saberão vela por sua inatacável memória!

E de tudo o que antes foi expendido, resta uma pergunta que não quer calar, parafraseando o inolvidável Marechal Deodoro, ao se dirigir a Benjamin Constant: será que as FFAA romperam com o seu passado? Onde a Nota de Repúdio (independentemente do Ministério da Defesa, pois de lá nada se deve esperar), cabal demonstração de liderança, dos três comandantes, ao maldito relatório que só enxovalha, afronta e denigre as Forças e os brios militares, nas pessoas de inúmeros e excepcionais Soldados de nosso recente passado? Discordo, peremptoriamente, dos que pensam que o cômodo, omisso e obsequioso Silêncio (ora, “quem cala consente”), como se fôssemos dóceis cordeiros, é a melhor arma contra essa patifaria que atinge, em cheio e contundentemente, os bons militares. Só falta, agora, as Forças Singulares pedirem desculpas à Nação pelo período do regime militar, como desejam esses sub-intelectualoides da Comissão da Verdade (?), atrelados ideologicamente. Onde estão os Deodoros, os Setembrinos de Carvalho, os Hermes da Fonseca, os Alexandrinos de Alencar, os Brigadeiros Eduardo Gomes – Patrono de nossa FAB -, os Barões do Rio Branco, os Olavo Bilac e tantos e tantos outros?

Mas é bom que se lembre de que há um Tribunal da História (“a Mestra da Vida”, “a Mestra das Mestras”), implacável com os covardes, os omissos, os pusilânimes, os tartufos, os sabujos, os biltres e os poltrões…

“A Honra se lava com o sangue de Heróis, de Gente Brava!”

(da Canção Militar “Fibra de Heróis”)

Observações pessoais: Também nos desagrada o lema de um grupo político na nossa bandeira, muito mais o de um grupo de origem tão internacional idêntico aos comunistas e como eles antirreligiosos inimigos dos exércitos nacionais. Os positivistas usaram os professores subversivos da mesma forma que os comunistas hoje, entretanto por dever de justiça assinalo que sinto um sentimento nacionalista no atual líder deles, o Sr.Paulo Lacaz.

Disto tudo resta um consolo: pelo menos em relação àquela época o nosso Exército está muito melhor. GF

 


 

 

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