Ministro do Meio Ambiente esclarece dados florestais da Amazônia Brasileira

Coletiva com o Ministro Ricardo Salles do Meio Ambiente realizada em 01/08/2019

 

 

BRASÍLIA [ ABN NEWS ] — Governo Federal apresentou, nesta quinta-feira (01), argumentos que contestam dados sobre o desmatamento na Amazônia divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mostrou erros na apuração do Deter, sistema utilizado para o mapeamento.

No início do mês, o Inpe havia anunciado um aumento de 88% no desmatamento da região comparando junho de 2019 com junho de 2018. “Está equivocado tecnicamente e é um erro de análise enorme”, afirmou o ministro.

O Presidente da República, Jair Bolsonaro, participou da apresentação ao jornalistas e comentou sobre a divulgação de informações incorretas. “Completa irresponsabilidade. Eu costumo dizer, se esses números todos fossem verdadeiros, a Amazônia já teria sido devastada três vezes ao longo dos últimos 20 anos”, afirmou o presidente.

O Inpe e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) analisaram juntos os 500 maiores casos de desmatamento divulgados como ocorridos em junho. Descobriram que vários ocorreram em anos anteriores e não foram computados pelo Deter na data correta, tendo sido todos computados só agora em junho, o que erroneamente passou a ideia de que tinham ocorrido agora.

O ministro mostrou, caso a caso, os muitos desmatamentos registrados errados. Por exemplo, um de 470 hectares, ocorrido de 7 agosto a 18 de setembro de 2018, e que foi anunciado como tendo sido feito agora em junho. “São todos casos que o Deter não computou no momento adequado e foram todos computados em junho”.

Um outro erro também ocorreu no cálculo dos 88% de desmatamento. O sistema chamado TerraClass monitora e registra as áreas que um dia foram desmatadas, mas já estão regeneradas. Segundo o ministro, “em 2012, isso deixou de ser feito”. Ou seja, muitas áreas hoje verdes continuam sendo divulgadas como desmatadas. De acordo com o ministro Ricardo Salles, cerca de 20% das áreas um dia desmatadas já foram regeneradas.

Um terceiro erro também ocorreu e fez com que os números fechados estivessem exagerados. Há áreas sobrepostas, ou seja, que foram computadas duas vezes.

O presidente Jair Bolsonaro ressaltou a necessidade de maior responsabilidade na divulgação de dados pois esse tipo de erro prejudica a imagem internacional do país. Segundo o presidente, um estudo está em andamento para apurar o caso e, para ele, a divulgação foi feita “com o objetivo, pelo que parece, de atingir a imagem do Brasil”. E anunciou que “se [o encarregado] quebrou a confiança, vai ser demitido sumariamente”.

Medidas adotadas

Para evitar novos erros, o governo trabalhará em quatro diferentes ações. A primeira é aprimorar os mecanismos de controle de desmatamento para que os casos sejam computados no momento em que ocorram. Para isso, irá utilizar quatro dispositivos. Além dos três já utilizados, Deter, Prodix e TerraClass, novos sistemas de satélite serão estudados.

“Vamos construir em conjunto esse novo modelo de monitoramento por imagens de alta resolução, realmente em tempo diário, para evitar esses problemas de lapso temporal que nós vimos aqui e que trazem distorções muito grandes”, destacou o ministro do Meio Ambiente.

A segunda medida é aprimorar a equipe que trabalha com o Deter, hoje formada principalmente por bolsistas do CNPq, com alta rotatividade de funções. “Vamos ajudar o Inpe a ter o quadro técnico renovado, permanente e capacitado, que conheça a fundo os detalhamentos”, anunciou.

A terceira ação é a continuidade da fiscalização feita pelo Ibama que, recentemente, deflagrou “a maior operação concomitante de áreas de desmatamento do país”, ressaltou.

A quarta ação do governo será econômica, voltada à população da Região Amazônica para que possa trabalhar legalmente, sem ser levada a atividades ilegais e para que a região tenha condições de desenvolvimento. “Precisamos verificar quais são as questões que precisam ser tratadas para evitar colocar na ilegalidade ações e projetos que não deveriam estar na ilegalidade”. De acordo com o ministro, apesar dos recursos destinados à região, é preciso investir melhor na condição de vida da população, como, por exemplo, em saneamento.